Comentário da jornalista Karen Monteiro, sobre sua experiência ao assistir ao espetáculo Jardim:
“JARDIM – um solo poético para crianças, interpretado por
Fabiana Ferreira tem pergunta que só mesmo criança pra responder. Pessoa
adulta, racional e banal fica muda. Melhor sair então e plantar um monte de
muda. Encher esse mundo de jardim.
Saí do Portão Cultural e vim para casa pensando que não
quero ficar parada em nenhuma estação: nem no Verão, nem no Inverno, nem na
Central. É para rir. Pronto? Agora é sério. Quero jardim por tudo, mas não
quero só Primavera. Quero tantas estações quanto a terra, eu, você e as
crianças temos direito. Quero morrer de frio, de calor, de espirrar com pólen,
de fazer crec crec com o pé nas folhas secas. Quero tudo isso. Sem aquecimento
global. Bem que podia ser verdade o que esses obtusos espalham por aí sobre não
haver aquecimento.
Como se faz pra assustar o medo?
Assistir JARDIM ajuda, amacia, dá um buuu... E é de graça. O
texto – que bom! – é lento e a gente pode achar que as crianças não vão parar
quietas, mas a maioria delas gosta, fica quietinha interpretando e digerindo
filosofia e poesia. E no final faz pergunta e tudo para a atriz. Que bom vê-las
longe da luz da TV, do computador, do celular, do joguinho. Que bom vê-las
admirando a bela luz do espetáculo... Que bom vê-las tentando se imaginar ser a
atriz – subindo nas montanhas – puffs ou nos tecidos acrobáticos em flor (aliás
a Fabiana está em ótima forma). Que bom vê-las gostando de uma linguagem mais
sutil, mais reflexiva. Dá um alívio.
Isso sim assusta o medo”.
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